quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A retomada

Bem... pela segunda vez em minha curta vida literária eu havia decidido não escrever nunca mais. Na realidade, desta vez, não foi uma decisão, me pareceu mais um hiato criativo de proporções infinitas.

Pois então, voltei às letras.

Ou elas voltaram para mim. Deus é quem sabe...

Estive conversando com uma amiga que disse que era abençoada pelos textos que eu escrevia. Não posso ser canalha suficiente para me calar diante disso. Por isso, ponho-me novamente diante do teclado como quem segura uma arma em uma mão e o coração na outra.

Um amor havia me levado ao silêncio. Tristes são os amores sem voz. E é assim o meu amor. Como tentei matá-lo, ignorá-lo, matá-lo novamente, decidi que está na boa hora de aprender a conviver com aquilo que está além de nossa capacidade de manipulação.

Por isso voltei a escrever. E volto mais frágil. Pobre e nu. Com a alma desnudada diante da impossibilidade do controle sobre a própria vida. Assim, escrevo como quem escreve para Deus. Ele se compadece dos fracos a ponto de só se parecer forte diante de nossa fragilidade.

"Deus é a minha força" - Só os fracos falam isso com sinceridade.

Portanto nada melhor para um coração machucado do que se colocar à caminho ao lado de Deus. Mesmo que a fé vacile e não consigamos enxergar Sua sombra ao lado da nossa, podemos ter certeza que o grande Deus, a quem chamamos pelo carinhoso nome de Pai, jamais deixará de crer em nós.

O Deus crédulo e forte é a minha força.

Agora, tendo disso isto, prometo que não vou calar meus lábios diante do mundo que me rodeia. Do meu mundo. Mundo que não pertenço por estar à caminho para um outro sentido de vida (que chamamos salvação), mas que me pertence por eu estar nele, embora ele não esteja em mim.

Eu, pobre, fraco e nu, em um mundo estranho, me coloco diante do Deus Eterno e digo: Eis-me aqui. Escrevo para Você, escrevo para o mundo. Escrevo para minha amiga que sem querer me proporcionou a retomada, ao mesmo tempo que escrevo para quem nunca vou conhecer.

Depois de tantas cambalhotas dadas por minha alma, como aquelas que damos quando uma onda mais forte nos pega na praia bravia, chegou a hora da retomada. Chegou a hora de não me deixar levar pelas conveniências e inconveniências de uma vida que não pode ser medida nem prevista.

Um dia de cada vez, uma palavra de cada vez.

Mais uma vez bem-vindo ao rincões de minha alma bandida.

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