quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O homem comum

Parece que cada dia que passa é mais difícil ser simplesmente um homem comum nesta nossa cultura condensada, populesca e acéfala na qual estamos todos (infelizmente) inseridos.

Não quero ser VIP, e tenho certeza que 99,9% daqueles que sonham em sê-lo não fazem a mínima idéia do que esta sigla significa. Não quero ser da "diretoria". Não quero que minha filas sejam menores, nem passar por debaixo das cordas que separam as pessoas normais dos afortunados com seus nomes em listas de festas.

Não me importo com popozudas ou cachorras.

Não me presto a ficar levantando pesos para tornear meus músculos. Prefiro-os flácidos e sinceros do que volumosos às custas do meu tempo e do meu privilégio de ser diferente da maioria. Hoje eu vi um garoto saindo de uma academia e me escandalizei com o tempo que eu gastei em lugares como aqueles. Nada de camisetas cavadas para mim. Nada de decotes masculinos. Nada de roupas (na maioria da vezes falsificadas? quem sabe?) com cavalinhos, jacarézinhos, ou quaisquer outros bichinhos, só para proporcionar a quem usa um status imbecil.

Quanto você pega no supino? DANE-SE!

Eu quero ser comum, no sentido mais pejorativo que esta expressão possa parecer para a maioria. Portanto de agora em diante não quero mais ser "leke", "brother", "mano" ou qualquer outro bordão que me identifique com nossa gloriosa cultura.

Não faço a mínima questão de saber o que vai "bombar" aqui ou ali. Qual a música que estará nas paradas do carnaval? Estou me lixando.

Não quero ser top também. Nada de meu nome associado a coisa alguma.

Eu quero o direito de ser comum. Simples e comum. Exatamente o que ninguém quer ser. Sonho com os bastidores, com o silêncio do meu quarto e a paz da minha alma. Sem o tum tum tum das batidas da música eletrônica da moda.

Você pode se perguntar, com razão, o porquê desta raiva toda?

Raiva nenhuma. Juro. Eu só quero ficar de fora, estou lutando pelo direito sagrado de me abster de qualquer tendência e ser simplesmente EU.

Pois se você for apenas um pouco atento, o que quero é ser um homem comum, o que hoje em dia significa ser exatamente o oposto de (quase) todos, por mais contraditório que isso possa parecer.

Um comentário:

Angela Inojosa disse...

Carlos acho q temos mais coisas incomum do imaginava, só falata em um pouco dessa Fe, mas no resto tenho me identificado bastante com vc viu...Buo continue sendo essa pessoa ótima, simples, transparente q vc e bjbj.